A córnea tem 6 camadas e a mais interna se chama Endotélio. Ele possui uma camada única de células e é responsável por retirar água da córnea. Isso permite que a córnea fique sempre transparente e com boa qualidade visual. Existem doenças que afetam apenas o endotélio, cursando com excesso de líquido na córnea (edema de córnea) e piora da visão, com embaçamento (no início do quadro ocorre pela manhã e nos casos mais avançados persiste por todo o dia), brilho nas luzes a noite, e até crises de dor por formação de bolhas.
O Transplante de Córnea Endotelial (Descemet Membrane Endothelial Keratoplasty – DMEK) é um tipo de Transplante de Córnea utilizado para as doenças que atingem apenas o endotélio, ou seja, a camada mais interna da córnea. Nesse tipo de transplante apenas a camada endotelial é trocada. O DMEK também depende de córneas doadoras, pois retiramos da córnea doadora uma fina camada de células do endotélio de modo muito delicado (um enxerto de aproximadamente 10 micrometros, 1/6 da espessura de um fio de cabelo que tem 60 micrometros em média).
As doenças do endotélio também podem ser tratadas com o Transplante Penetrante, contudo o DMEK apresenta inúmeras vantagens. Primeiramente, no DMEK não é realizado pontos, enquanto no transplante penetrante fazemos 16 pontos que serão retirados ao longo de 18 meses e gerarão alto grau de astigmatismo. Além disso, a recuperação visual no DMEK demora poucos meses, enquanto no transplante penetrante pode demorar até 2 anos, por conta dos pontos e do grau residual. Por fim, a maior vantagem de todas é a redução importante na chance de rejeição, pois enquanto no transplante penetrante essa taxa é em torno de 5 a 30%, no transplante endotelial é muito menor, de apenas 1%.
O DMEK é a primeira opção de tratamento nos casos de doenças no endotélio da córnea, entre elas:
1. Distrofia de Fuchs (saiba mais clicando aqui)
2. Falência Tardia de Transplante Penetrante prévio
3. Lesão e Perda Endotelial após cirurgias complicadas (eventualmente, após uma ou múltiplas cirurgias oculares, pode haver lesão e perda irreversível das células endoteliais, causando edema na córnea e piora na visão).
O DMEK não é indicado para as doenças que acometem outras camadas da córnea, por exemplo quando temos cicatrizes ou perfurações na córnea. Ela é indicada quando a única camada lesionada da córnea é o endotélio.
Casos complexos, como pacientes que já realizaram outros transplantes, com defeitos irianos, cirurgias para glaucoma (implante de tubo de drenagem ou trabeculectomia) ou cirurgias da retina (vitrectomia), apesar de tecnicamente desafiador, não são contraindicações para DMEK.
A cirurgia dura em média 60 minutos e é feita com anestesia local associada a sedação. É colocado um tampão no olho operado que costuma ser retirado no dia seguinte à cirurgia.
Durante a cirurgia, retiramos a camada de células endoteliais do paciente e posteriormente injetamos o enxerto retirado da córnea doadora. Por fim é colocado uma bolha de ar dentro do olho para pressionar o transplante e auxiliar na sua aderência. Essa cirurgia pode ser feita em associação com a cirurgia de catarata, dependendo do caso.
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