O transplante de córnea consiste na troca de uma estrutura que fica na frente dos olhos, a córnea. A córnea é uma lente natural responsável por 60% do grau dos olhos. Ela deve ser lisa, transparente e regular para poder focalizar as imagens com qualidade. A córnea em geral tem 12 milímetros de diâmetro e na cirurgia trocamos em média 8-9 milímetros com a córnea doadora, mantendo 1 milímetro nas bordas da córnea receptora do paciente. Hoje conheceremos mais sobre o Transplante de Córnea Endotelial.
O que é o Transplante Endotelial (DMEK)?
A córnea tem 6 camadas e a mais interna se chama Endotélio. Ele possui uma camada única de células e é responsável por retirar água da córnea. Isso permite que a córnea fique sempre transparente e com boa qualidade visual. Existem doenças que afetam apenas o endotélio, cursando com excesso de líquido na córnea (edema de córnea) e piora da visão, com embaçamento, brilho nas luzes a noite, e até crises de dor por formação de bolhas. Nesses casos podemos fazer o Transplante de Córnea Endotelial (Descemet Membrane Endothelial Keratoplasty – DMEK). Nesse tipo de transplante apenas a camada endotelial é trocada.
Como é feito o Transplante de Córnea Endotelial (DMEK)?
O DMEK também depende de córneas doadoras, pois realizamos a retirada da fina camada de células do endotélio de modo muito delicado (um enxerto de aproximadamente 10 micrometros, 1/6 da espessura de um fio de cabelo que tem 60 micrometros em média). Durante a cirurgia, retiramos essa mesma camada de células do paciente e posteriormente injetamos o enxerto retirado da córnea doadora. Por fim é colocado uma bolha de ar dentro do olho para pressionar o transplante e auxiliar na sua aderência. A cirurgia dura em média 60 minutos e é feita com anestesia local associada a sedação.
Quais as vantagens do Transplante de Córnea Endotelial (DMEK)?
O DMEK apresenta diversas vantagens comparado com o Transplante Penetrante que é o transplante convencional. No DMEK não são dados pontos, enquanto no Transplante Penetrante são dados 16 pontos que devem ser tirados ao longo de 18 meses. Isso faz com que a recuperação do DMEK seja muito mais rápida, em torno de 1 a 3 meses (comparado com 2 anos do Transplante Penetrante).
Além disso, o grau não costuma mudar após o DMEK. Já no Transplante Penetrante, como são feitos 16 pontos, costuma-se ter alto grau após a cirurgia, em média com 4 graus de astigmatismo. A grande vantagem do DMEK é a MENOR CHANCE DE REJEIÇÃO, em média de 0,7 a 3,7% no DMEK contra 10 a 20% no Transplante Penetrante, ou seja, cerca de 10 vezes menor que no transplante penetrante.
Como é a recuperação e o pós-operatório do Transplante de Córnea Endotelial (DMEK)?
O período mais chato são as primeiras 48 horas após o transplante. Como é colocada uma bolha de ar dentro do olho para colar o transplante, precisamos que essa bolha fique em contato e pressionando o mesmo durante as primeiras 48 horas. Para isso, é fundamental que o paciente fique deitado com a barriga para cima e olhando para o teto durante as primeiras 48 horas. Pode fazer pausas de 20 minutos para se alimentar e ir ao banheiro, mas quanto mais ficar na posição correta, maior a chance de sucesso da cirurgia.
Depois de 48 horas o ar vai sendo reabsorvido e o tempo necessário para ficar deitado vai diminuindo, sendo importante nos primeiros 4 a 5 dias após a cirurgia. Na grande maioria dos casos o transplante se adere completamente após a cirurgia, contudo existe uma chance de 10% do transplante não colar e ser necessário uma nova injeção de ar. Nesse caso, o paciente precisará passar mais 48 horas deitado. A visão costuma melhorar no primeiro mês da cirurgia, estabilizando até 3 meses da cirurgia.
Lembre-se: Este artigo visa informar o público e não substitui avaliação por médico oftalmologista, que é o único profissional capacitado para realizar o diagnóstico preciso e indicar o tratamento mais adequado para cada caso.